O mais tradicional e influente jornal da Suíça, o Neue Zürcher Zeitung (NZZ), criticou duramente a cultura de privilégios no Supremo Tribunal Federal e destacou o luxo e o nepotismo praticados pela alta cúpula do Judiciário brasileiro. Em sua reportagem intitulada “Luxo e Nepotismo: Como a elite do Judiciário brasileiro abusa de seu poder”, o periódico expõe os exorbitantes privilégios e os indícios de corrupção que permeiam o sistema.
Situações que, de acordo com a reportagem do Novo Jornal de Zurique, enfraquecem a reputação do Judiciário e a confiança na democracia
O correspondente do NZZ inicia a matéria ilustrando um cenário de conflito de interesse: um suposto juiz da Suprema Corte da Suíça participa de um evento luxuoso financiado por empresas que possuem casos sob sua jurisdição. Por fim, o jornalista afirma que essa é a realidade no Brasil.
“Imagine o seguinte cenário na Suíça: um juiz do Tribunal Federal organiza, anualmente, um grande encontro de juristas em um resort de luxo no Caribe. Os convidados incluem não apenas metade do tribunal e dezenas de advogados renomados, mas também políticos, membros do governo e altos funcionários públicos. O evento, que dura vários dias, é patrocinado por empresas que são clientes dos advogados ou cujos casos estão sendo julgados no tribunal”, descreve o repórter.
Reuniões de lobby de Gilmar Mendes
Segundo o articulista, Gilmar Mendes realiza algo semelhante todos os anos ao organizar, em Portugal, um evento que reúne advogados renomados, políticos, membros do governo e altos funcionários públicos.
Promotores e juízes também são convidados, frequentemente por pessoas envolvidas em processos sob suas decisões. Essa prática, combinada com nepotismo e privilégios, torna o tribunal vulnerável, de acordo com a reportagem.
Custos elevados
Outro ponto destacado pelo Novo Jornal de Zurique é o alto custo do sistema judiciário brasileiro. O texto aponta que a Justiça no Brasil custa cinco vezes mais do que na Suíça, em termos proporcionais ao PIB. Enquanto no Brasil o Judiciário consome 1,6% do PIB, na Suíça o custo é de apenas 0,28%.
Corrupção e nepotismo
A matéria também critica práticas como corrupção e nepotismo na elite do Judiciário brasileiro. De acordo com o texto, escritórios de advocacia com atuação nos tribunais superiores frequentemente incluem cônjuges, filhos ou parentes de primeiro grau de ministros da Suprema Corte.
O jornal cita o exemplo do ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski, que foi contratado como consultor jurídico da holding J&F poucos dias após sua aposentadoria.
Além disso, a escolha de Cristiano Zanin Martins como ministro do STF. O advogado, indicado pelo presidente Lula, foi responsável por defendê-lo nos casos da Operação Lava Jato, em que o ex-presidente foi acusado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro.